Estive no AgileBrazil 2016, que ocorreu em Curitiba em Novembro em 2016, e faço aqui um resumo de alguns bons acontecimentos do movimento ágil lá relatados.
- A preocupação dos palestrantes e de várias pessoas que pude conversar da demonstração do valor de negócio com as iniciativas ágeis. O próprio KeyNote de abertura, realizada pelo time da ThoughtWorks, trouxe esta preocupação. Resumo: A TI não pode se colocar como uma área desconectada. As áreas de TI precisam ser o negócio para que o movimento de transformação digital realmente ocorra nas organizações.
- Segundo, o movimento de agilidade em escala organizacional. A palestra da Maria Paasivara, filandesa que ajudou a fazer isso na Ericsson e Nokia, foi muito bacana e excelente exemplo neste sentido (Agile At Scale: How to Successfully Adopt Agile in Large-scale Organizations?). Outra palestra sensacional foi a experiência da Sandy Mamoni, agilista americana, com a apresentação de casos reais de empresas onde as pessoas escolhem em que projetos vão trabalhar através de uma técnica estruturada de auto-organização de times (Times Auto-Governados: Creating Great Teams – How Self-Selection Lets People Excel). E se você acha que ela fez isso em startups com 4 hipsters barbudos, think again, pois ela fez isso em ambientes financeiros e bancos com muitas pessoas de cabelo branco.
- Um outro ponto interessante foram as várias experiências de uso de
práticas técnicas ágeis, em complemento à gestão ágil. Houve várias palestras e mão na massa sobre TDD, automação de testes, design thinking, pair programming, MOB programming e outras práticas XP. Gostaria de parabenizar a palestra do gerente de inovação da Leroy Merlin brasileira, o Gaetan Belboch, que apresentou de forma simples e brilhante como o seu time introduziu sistematicamente as práticas XP e Scrum para criar um ambiente de alta produtividade (Xp e Scrum ‘from the trenches’: mudando a LeroyMerlin de baixo para cima). - Outro ponto notável foi observar que a comunidade ágil brasileira, muito auto-centrada em Scrum, começou a se abrir para outros modelos ágeis como XP, Kanban e Lean, entre outras metodologias. Mas senti falta de palestras de outros métodos ágeis como a Entrega Ágil Disciplinada, LESS e SAFE.
- Pude observar também algumas excelentes provocações ao status quo gerencial. Dois movimentos particularmente interessantes foram o #NoProjects (Abordagem de Fluxo Contínuo de Entrega de Valor) e o #NoEstimates. Em particular, a palestra If you need to start a project, you’ve already failed, do Eric Leybourn, foi muito interessante. A respeito do #noprojects existe um material rico e provocativo publicado aqui na InfoQ – BeyondProjects.
- Foi interessante notar também muitos palestrantes falando a linguagem do débito técnico (dívida técnica), que é uma medida pragmática da “sujeira” acumulada no código fonte dos produtos ao longo dos anos. E também algumas palestras apresentando a temática de como times que mantém código legado podem começar a pagar suas dívidas técnicas.
- Finalmente, foi muito interessante também os “espaços abertos”, onde pessoas podiam trazer qualquer ideia e discutir com quem tivesse interesse em debate-la. Isto gerou muita discussão interessante, em temas dos mais diversos.
Naturalmente, existem pontos de melhoria. Faltou um debate com pessoas de outras escolas como por exemplo o PMI Brasil na parte gerencial e a comunidade de DevOps na parte técnica. Mas espero que a comunidade do evento possa praticar internamente o mantra de *Pessoas e interações mais que…* e possa trazer mais pessoas e opiniões divergentes no próximo evento que ocorre em 2018 em Belém.
E, não posso deixar de comentar sobre a baixa presença de mineiros no Evento. Enquanto os paranaeses, gaúchos, paulistas, catarinenes e paraenses deram um show de presença no evento, não consegui encontrar e conversar com muitos mineiros. Já passou da hora dos habitantes das Minas Gerais pararem de trabalhar em silêncio.
No geral, parabéns aos organizadores. Bom evento e ótima organização. Para não dizer do espetacular jantar no Madalosso, com polenta, frango atropelado, canelone, lasanha, maionese de batata, espagetti ao alho e óleo, vinho da casa e cervejas da casa. A Pale Ale de base inglesa deles estava muito bem executada. E notável os garçons que carregavam 30 travessas no braço e serviram 800 pessoas em poucos minutos.
E você, já esteve no Agile Brazil, Agile Trends ou outros eventos ágeis? Compartilhe aqui a sua experiência nestes eventos que buscam agitar a comunidade brasileira de métodos ágeis.